Samuel, nosso irmão e amigo… Que em breve nos possas escrever uma carta…
02 / mar / 2018
“Não é uma despedida, é entregar nas mãos do destino aquilo que não podes mais cuidar.” – Caio Fernando Abreu Samuel, nosso irmão e amigo… a nossa história não era para terminar tão rapidamente… num fechar de olhos, num sopro de brisa, num entardecer de inverno. De facto, nunca conhecemos ninguém com tanto desejo de ficar e tanta certeza de partir. Tinhas em ti a paz de uma seara de trigo mas também a força do vento que percorre o mundo em busca de montanhas mais altas e mais verdes. Fizeste com que nós fossemos melhores, tolerantes, compreensivos, inclusivos. Até quando não estavas presente já estranhávamos a tua ausência por que sabíamos que uma nova falta tua ainda te punha em maior desvantagem para aprenderes o mundo vasto das letras e dos números. E tinhas começado a aprender a ler, só um pouquinho, porque o mundo das palavras é enorme e complexo e precisa de muito tempo para ter sentido. Quem te conheceu vislumbra o arco-íris que há em ti… fugaz mas belo e cativante. Levaste contigo a nossa estima, o nosso coração e o brilho dos nossos olhos que nunca estão preparados para a partida e para a saudade. Foste uma lenda enquanto estiveste connosco. Estamos orgulhosos por teres partilhado a nossa sala, o nosso recreio, as nossas brincadeiras. Que em breve as palavras que saltitam nos livros façam sentido para ti e que nos possas escrever uma carta, nem que seja sobre o céu estrelado das noites de luar.