Decorreu no auditório da Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário, CRL (CESPU), em Vila Nova de Famalicão, o Evento Multiplicador do Projeto Marka, organizado pelo Agrupamento de Escolas Camilo Castelo Branco (AECCB) e pela Faculdade de Psicologia e das Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCE-UP), com os objetivos de divulgar o trabalho desenvolvido pelos parceiros locais e internacionais, apresentar os produtos finais e analisar o impacto do projeto na comunidade escolar. O projeto Marka visa a construção de um currículo identitário, resultante da articulação do currículo nacional com o património local, e desdobra-se em três vertentes: artística (surrealismo), cultural (brasileiros de torna-viagem) e natural (biodiversidade local). Para o seu desenvolvimento, estabeleceram-se parcerias com entidades locais: Fundação Cupertino de Miranda, Rede de Museus de Vila Nova de Famalicão e Parque da Devesa. Este projeto interliga-se ainda com o Plano Nacional das Artes, através do Projeto Cultural de Escola, e com os Clubes Ciência Viva, usufruindo das sinergias inerentes a estes projetos. O projeto Marka tem uma metodologia própria. No início do ano letivo, selecionam-se os temas a trabalhar e a preparam-se sessões de capacitação docente. Seguem-se os quatro desafios: primeiro, as entidades parceiras elaboram um workshop para os alunos; segundo, desenvolve-se o trabalho em sala de aula nas disciplinas científicas; terceiro, implementa-se, igualmente na sala de aula, nas disciplinas artísticas; quarto e último, faz-se a apresentação do trabalho à comunidade. Em 2020, o projeto internacionalizou-se através do Programa Erasmus +. Ao longo de três anos, o AECCB coordenou um conjunto de intercâmbios internacionais de alunos e professores em Portugal, Itália, Estónia, Macedónia do Norte e Chipre. O último, realizado em abril, no Porto, organizado pela FPCE-UP, serviu de preparação e de coordenação dos eventos multiplicadores nos diferentes países, que encerram a implementação do projeto a nível europeu. Tempo, portanto, para apresentar resultados e fazer uma avaliação do trabalho realizado. Na sessão realizada a 26 de junho, na parte da manhã, o evento começou com um momento musical e com as palavras de boas-vindas do Professor Mentor do Marka, Ricardo Ferreira, do Diretor do AECCB, Carlos Teixeira, e do Vereador da Educação, Augusto Lima. De seguida, as professoras Sónia Barreiras (AECCB) e Louise Lima (FPCE-UP) apresentaram a metodologia Marka e os produtos intelectuais produzidos: uma aplicação móvel, construída em colaboração com os parceiros locais e internacionais; e um guia metodológico, com o enquadramento pedagógico, os desafios e a avaliação. Depois, deu-se a palavra às representantes dos parceiros locais, Eva Cordeiro (Rede de Museus de Vila Nova de Famalicão), Lia Cardoso (Parque da Devesa) e Joana de Rosa (Fundação Cupertino de Miranda), que fizeram uma análise da implementação do projeto nas respetivas instituições. De referir ainda que alguns alunos do 1.ºCEB do AECCB surpreenderam os presentes com a dramatização de histórias surreais inspiradas nas visitas efetuadas à Fundação Cupertino de Miranda. Após uma pausa para café, as conferências continuaram com os convidados internacionais. As professoras da FPCE-UP, Ariana Cosme e Daniela Ferreira, moderaram as palestras de dois colegas de investigação brasileiros: Patrícia Lupion Torres (Universidade de Curitiba) discorreu sobre o impacto da inteligência artificial na educação, enquanto Júlio Furtado (Universidade do Rio de Janeiro) analisou os desafios que a tecnologia coloca na gestão e no planeamento curricular. Os trabalhos matinais terminaram com a conferência de Susana Gallardo, professora catalã que trabalha para o Ministério de Educação de Espanha, que se debruçou sobre a inovação e as metodologias ativas. Na parte da tarde, realizaram-se diversos workshops com parceiros locais e professores do AECCB. Os docentes inscritos no evento realizaram atividades teóricas e práticas que são preparadas para os alunos envolvidos no projeto, correspondentes ao desafio I, sob responsabilidade do Museu Bernardino Machado, do Parque da Devesa e da Fundação Cupertino de Miranda. De regresso ao auditório da CESPU, os docentes do AECCB António Varela, Paulo Cruz – Susana Ferreira e Paulo Lisboa apresentaram o trabalho desenvolvido no desafio II, respetivamente nas seguintes áreas temáticas: biodiversidade, surrealismo e brasileiros de torna-viagem. Os docentes do AECCB Isabel Sá, Nuna Magalhães, Jorge Ferreira, João Malheiro e Anabela Garcia orientaram uma sessão prática artística semelhante ao desafio III. Por último, tal como está previsto no desafio IV, aqueles que estiveram na CESPU puderam observar uma exposição de trabalhos realizados pelos alunos de todos os países e um conjunto de fotografias das mobilidades internacionais efetuadas. O dia terminou com a conferência da docente do Instituto Politécnico de Leiria, Cristiana Madureira, que refletiu sobre o projeto Marka no currículo e na promoção da interculturalidade e inclusão. Num tempo de sociedade global e de novos desafios tecnológicos, a educação é um poderoso instrumento de transformação capaz de promover o desenvolvimento humano e o progresso social. Nesse sentido, é importante garantir o acesso igualitário a uma educação de qualidade, que valorize o meio envolvente na construção do currículo e adote métodos pedagógicos que estimulem o pensamento crítico e a criatividade. Ficou demonstrado, através do trabalho realizado e da avaliação dos presentes, que o Projeto Marka cumpre estes desígnios do século XXI e que constitui uma mais-valia curricular para os alunos e uma experiência enriquecedora para os docentes. O Evento Multiplicador encerrou um caminho de três anos, mas há quem esteja a pensar o dia de amanhã.