“É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”
10 / abr / 2025
O conceito de educação tem sido, historicamente, associado ao ensino formal, à escola e à infância. Tradicionalmente, é visto como uma estrutura organizada, massificada, cujo principal objetivo é promover o acesso à literacia e ao conhecimento global, reconhecendo os seus benefícios pessoais, culturais e profissionais. A educação enfatiza a igualdade de oportunidades e facilita a apropriação sociocultural, promovendo uma convivência social mais harmoniosa, o desenvolvimento do espírito crítico e a cidadania ativa. Contudo, quantos de nós conhecemos alunos — jovens ou menos jovens — que não se identificam com essa visão? Quantos não tiveram, durante a sua trajetória escolar, a oportunidade de estudar da forma que lhes era devida? Quantos adultos continuam a enfrentar um sistema de desigualdade de oportunidades, que os mantém num ciclo de pobreza e exclusão social, em parte porque a oportunidade de serem "alunos" nunca lhes foi garantida? E quantos ainda sonham com a ideia de que literacia não é apenas aprender a ler e escrever, mas uma busca incessante por mais conhecimento e desenvolvimento? A Aprendizagem ao Longo da Vida (ALV) é uma abordagem que destaca a importância de aprender de forma contínua durante toda a vida, independentemente da idade ou do contexto em que nos encontramos. O desenvolvimento contínuo na ALV refere-se à ideia de que a aprendizagem não se limita ao período escolar ou universitário, mas é uma jornada constante em todo o ciclo vital, destacando a promoção de competências ligadas ao ensino; à capacitação profissional, adaptando-se às constantes mudanças e exigências do mercado de trabalho; ou ainda ao desenvolvimento pessoal, apostando-se no autoconhecimento e crescimento sociocultural. A frase "é preciso uma aldeia para educar uma criança" vai além da educação formal e interliga-se diretamente à ideia de que a educação é uma responsabilidade coletiva e fundamental para a construção de uma sociedade mais inclusiva. Quando essa educação se estende para a aprendizagem ao longo da vida, torna-se uma ferramenta poderosa para promover a inclusão social, oferecendo oportunidades de aprendizagem contínua para todos, independentemente da sua idade, origem ou condição social. O termo “Aldeia” remonta ao sentido de comunidade e à importância do envolvimento de todos os seus membros enquanto seres ativos no processo e na oportunidade de aprender e de crescer. Falar de “Escola”, “Aldeia”, “Cidade” implica abrir os “muros” e as “fronteiras” aos limites da educação formal, possibilitando na comunidade, espaços de aprendizagem ao longo da vida. A educação comunitária deve mobilizar parcerias como escolas, organizações não governamentais, empresas locais e organizações governamentais, que podem garantir que recursos sejam direcionados para aqueles que mais precisam e que a educação seja um direito acessível a todos. Deve privilegiar Percursos formativos de Inclusão, voltados para populações marginalizadas, como minorias, migrantes, pessoas com deficiência, ou grupos em risco de exclusão social, garantindo a igualdade de oportunidades. Uma cultura de aprendizagem inclusiva fomenta o respeito, a empatia e a colaboração entre todos os membros da sociedade, a comunidade fortalece os laços sociais e promove um ambiente de inclusão. Em suma, quando falamos em aprendizagem ao longo da vida referimo-nos à ideia de que a educação não termina com a escola, mas continua ao longo de toda a vida, de maneira contínua e constante. Esse conceito é fundamental para promover a inclusão social, porque oferece a todos, independentemente da sua idade ou condição social, a oportunidade de adquirir novos conhecimentos e habilidades, permitindo-lhes melhorar suas condições de vida, integrar-se mais plenamente na sociedade e contribuir para ela de maneira significativa. A nível pessoal verificam-se também transformações, pois finalmente a pessoa vê reconhecido o seu direito à educação, confirma o seu potencial pessoal, e aumenta o seu sentido de autoeficácia e a sua autoestima. Que a “Aldeia” não exista apenas para educar-nos enquanto crianças, e que nos possamos apoiar mútua e continuamente no crescimento pessoal, social e cultural, ao longo da vida! Diana Silva