À semelhança do que tem acontecido anteriormente, também, este ano, os alunos do Agrupamento de Escolas Padre Benjamim Salgado (AEPBS) quiseram participar no concurso “Faça Lá Um Poema”. Assim, numa primeira fase, enviaram os seus poemas para um júri interno, que teve por missão seleccionar os que iriam representar a escola neste Concurso. Mas, falando a verdade, esta seleção não foi nada fácil, tendo em conta a qualidade dos poemas enviados pelos nossos jovens poetas. Por fim, e depois de alguma deliberação, foram seleccionados estes poemas para representar a nossa escola. Agora, resta esperar que os elementos do júri deste Concurso, a nível nacional, gostem deles tanto como nós. Poemas
Três copos de vodka
Alguém me diz por que razão o tempo é tão infinitamente finito? Passa por mim, promíscuo, tento apanhá-lo e logo se dissolve. Se o agarro, arde-me friamente pelas mãos abaixo. E logo o ardor se espalha pelas artérias e causa-me tremores medonhos, Sobra-me ficar internada num transe, a fitar o que poderia ter sido. E então, sonho funesta e nefastamente, como se em coma, com a morte.
Ah, e ela dança comigo… Abana-me a alma, provoca-me terramotos, Esgueira-se pelas frinchas ilusórias de quem pensava ser: Segue-se um terror aliciante e desfigurante no meu interior. Quando reparo, as paredes fantasmagóricas e ossudas de alguém, Que penso ser eu, desabam ruidosamente sobre si próprias.
No fim de tudo, foi isto que a vida me reservou E devo confessar que foi um espetáculo digno de se ver! (Tento não reclamar: pelo menos senti-me alguém).
Sofie Reiner
Tempo Um dia, mas porquê um? Tão grande…, mas ao mesmo tempo tão pequeno 3600 segundos derramados em apenas um pensamento. Sou eu, ou é a vida que me está a pesar? Ou será apenas mais pensamento…?
365 dias, um milhão de segundos e eu ainda aqui, Será que para o ano terei mais tempo? Ou serei só eu com mais um pensamento?
Saber o que me assombra terei de descobrir, Mas 365 dias não serão o suficiente para mim. Alguém que me arranje mais tempo, Que eu preciso de tirar isto de cima de mim! Lara Sofia Peixoto Pereira
Esquecimento
Piiiiii-pii-piiii-piiiiiiii-piii-pi-piii… Ó buzinas eufóricas, Ensurdecedores murmúrios, dores do meu ser que há, Memórias do Eu que houve, Sete espadas na lama, cadáver que em mim jaz.
Por entre os mirrados dedos, vejo meu ser escorregando. O fumo do tabaco meu interior acariciando, Hades químico, pálidas rosas animando.
Errando pelas vielas da amargura, penso no que será, Espero pelo verde, surdo de tudo… Ei-lo cá, Atravesso a rua, as buzinas trovejam em tosse seca, Sinto o doce amargor do tabaco a estalar.
O Lethes meus lábios toca, Escapa-me o ser que houve, perdido nas águas está. Guilherme Sales