“Questionar a relevância da Aprendizagem ao Longo da Vida (ALV) no contexto socioeconómico, político e educacional atual é um dever de todo o professor ou formador que trabalha com esse conceito. É fundamental garantir que a ALV continue a ser uma parte essencial do sistema educativo e formativo, para que todas as pessoas possam aprimorar as suas competências e adquirir novas ao longo das suas vidas, promovendo assim a construção de uma sociedade mais inclusiva e baseada no conhecimento.
Atualmente, a maioria dos casos de abandono do ensino formal ocorre entre jovens de 16 a 18 anos, que enfrentam a transição para o mercado de trabalho e o início de sua vida profissional. Paralelamente, observa-se um aumento na procura dos cursos EFA e do processo de reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC) por parte de jovens cada vez mais novos. Isso requer uma adaptação das nossas práticas formativas e abordagens, anteriormente direcionadas a adultos com mais idade e vasta experiência de vida, tanto a nível pessoal quanto profissional.
O objetivo central da ALV é capacitar os adultos, tornando-os mais competentes, autónomos e capazes de reivindicar os seus direitos, bem como mais cultos e merecedores de uma vida digna. Como agentes ativos neste processo educativo e formativo, devemos, através das nossas práticas pedagógicas centradas no adulto em situação, prepará-los para se orientarem no mundo, desconstruindo ideologias e promovendo o bem comum. É fundamental que estejam atentos às questões atuais, como a defesa do meio ambiente e a luta contra a discriminação, assumindo um papel proativo numa cidadania ativa que promova o seu bem-estar e o das gerações futuras. Esta abordagem deve basear-se em compreender o passado, agir no presente e preparar um futuro que se apoie numa utopia que visa criar cidadãos conscientes para uma cidadania ativa, sem se limitar a qualificá-los para o mercado de trabalho.
Em suma, é fundamental reconhecer que a EA é, em última análise, um direito e um dever decorrente da nossa condição de pessoas e cidadãos. Devemos cuidar da nossa aprendizagem, pois ela é essencial para o nosso desenvolvimento. Com uma variedade de práticas, podemos aumentar o conhecimento e a consciência cívica, evitando o crescimento da exclusão nas comunidades. Somente através de uma abordagem de 'Pedagogia em volta da mesa', como defende João Evangelista Loureiro, é que podemos aprimorar nossas práticas, colocando o 'educando-adulto' no centro da relação pedagógica e desenvolvendo toda a prática pedagógica em 'volta da mesa'.” Francisco Costa, professor dos Cursos EFA